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Em entrevista ao Hashtag Pop, Lia Clark fala sobre ‘Sereia’, novo álbum e os obstáculos que ainda enfrenta por ser uma drag do funk

“Sereia”, nova música de Lia Clark com Pabllo Vittar, marca o início da nova era da artista e faz parte do disco “Clark (pt. 2)”.

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Foto: Divulgação

Lia Clark já começou a preparar o público para o lançamento do novo disco. O projeto, intitulado “Clark (pt. 2)”, chega neste ano nas plataformas de streaming.

Lia é uma das principais representantes da cena LGBTQIAPN+ e escolheu a faixa “Sereia”, uma colaboração com Pabllo Vittar, para dar início a nova era. A parceria entre duas das maiores drags do mundo não é nova, mas essa é a primeira vez que elas trabalham juntas uma música como single, acompanhada de um videoclipe. 

Para marcar esse momento de retomada à cena com um grande projeto, Lia Clark bateu um papo com a nossa equipe e contou alguns detalhes sobre a segunda parte do disco, a sonoridade e o processo por trás de “Sereia”. A artista ainda falou sobre o show no “The Town” e os obstáculos enfrentados por ser uma drag do funk

“Eu já estava querendo lançar a segunda parte do álbum faz um tempo“, conta Lia que afirmou que lançamento de “Clark (pt. 2)” já era conversado antes mesmo de “Lia (pt. 1)” cair no gosto do público.

“A gente vem no processo dele também já faz um tempo. Desde antes de sair a primeira parte, a parte dois estava sendo arquitetada. As coisas foram acontecendo no momento que elas tem que ser e finalmente chegou a hora. Finalmente chegou o momento de sair ‘Sereia’”, disse. 

Com “Sereia”Lia conta que a intenção era “Trazer Pabllo Vittar para o mundo Lia Clark do funk”. À nossa equipe a artista revelou que a faixa não havia sido pensada para Vittar, mas já destacou que já estava decidido que uma colaboração com a drag iria abrir essa nova era.

“A parceria com a Pabllo já estava certa de que seria o primeiro single da segunda parte e isso é de antes de sair a parte um. E então nós fomos em busca da música perfeita para isso acontecer”, revelou. 

A parceria “Clark e Vittar” não é nova. As artistas já colaboraram em duas canções, sendo uma delas um remix. Para Lia, o diferencial de “Sereia” é poder trabalhar a faixa com a amiga de longa data como um single, investindo em divulgação. 

“O diferencial é que finalmente é um single! Nós nunca tivemos um single juntas. ‘TOME CUrtindo’ era um remix que a gente fez. Ela me convidou para participar de ‘Ele é o Tal’ do álbum ‘Vai Passar Mal’ e ai eu falei ‘vamos fazer um remix da minha música também’ e a gente gravou tudo junto no mesmo dia no quarto de hotel. Essas músicas não foram singles e agora finalmente”, afirmou.

A artista ressaltou a felicidade com a faixa.

“E eu acho que as nossas drags conversam muito em vários lugares, em vários moods – de sensualidade, de poder. Tem milhões de outras coisas, coreografia. E finalmente veio ‘Sereia’. Pra mim esse é o diferencial: ser um single, ter um videoclipe. Nós nunca tivemos um videoclipe juntas. Trazer Pabllo Vittar para o mundo Lia Clark do funk. Eu to muito animada e muito feliz. Eu amo ela!”.

Lia sempre foi referência do funk no meio drag“Sereia” mistura elementos do gênero com as batidas do rave funk e a estrutura do pop.

“A sonoridade de ‘Sereia’ é a ideia que eu tive desde o começo. Quando a gente teve o ‘okay’ de que iria rolar o primeiro single da segunda parte, eu falei ‘eu quero um rave funk com uma estrutura de pop. Não sei como, mas eu quero.  Eu quero um refrão, mas quero um drop de funk, de rave funk’. O desafio nessa música foi misturar essas duas coisas e, mais um vez, os produtores fizeram com maestria”

Para o videoclipe, o pedido da artista foi único: não cair no clichê.

“Não queria que estivéssemos na praia ou no meio do mar com a calda e nadando, não queria isso. Já joguei logo e pedi para a galera que iria fazer. Eu queria transformar a sereia em outra coisa, ter uma outra visão”, afirmou. 

Lia ainda contou que o clipe partiu da ideia de que as sereias vivem em uma sociedade secreta.

“Eles deram a ideia de que é um mito, uma invenção de que sereias existem, mas ninguém nunca viu. Então se elas existem elas tem uma sociedade secreta. Da onde vem? Quem faz parte? Como, quando e onde acontece? Então a gente entrou nesse mundo de que as sereias existem, mas elas fazem as reuniões delas. Elas podem estar entre a gente, no nosso dia a dia e a gente não sabe. Elas se encontram para essa reunião, para desfrutar dos momentos juntas”

Até o momento, Lia Clark não revelou a data de lançamento do “Clark (pt. 2)”, mas adianta que os fãs podem esperar bastante funk nesse projeto e grandes colaboração. 

“Podem esperar a mesma coisa do “Lia (pt.1)”. Não é que vai ser a mesma coisa do álbum, mas podem esperar muito funk e feats poderosos. Se a gente já está abrindo com Pabllo Vittar, imagina o que tem aí ainda. Tem muita coisa por vir! Eu tô muito animada de ver que a tracklist do álbum finalmente vai estar completa porque as faixas vão se complementar e vai ficar um disco lindo que vai se chamar ‘Lia Clark’. Podem esperar rave funk, funk mandelão, um trap funk, podem esperar funk anos 2000. Podem esperar muita coisa”, afirmou. 

Com mais de 70 milhões de visualizações no canal oficial no YouTube e quase 150 mil ouvintes mensais no SpotifyLia reafirma que ainda enfrenta muitos obstáculos por ser uma drag preta que canta funk.

“Com certeza enfrento muito obstáculos da mesma forma que eu enfrentei no começo da minha carreira. Tudo que eu venho conquistando são frutos dos trabalhos que eu venho fazendo e também fruto do crescimento do cenário musical brasileiro como um todo, do pop, do funk que está em ascensão e a gente vai caminhando junto. Mas os meus obstáculos só por ser uma drag, só por cantar funk e por ser preta são inúmeros”

Mesmo diante das barreiras impostas que tentam silenciar sua arte e talento, Lia destaca a felicidade em seguir em frente com seus projetos. Neste ano você, a artista se apresenta no “The Town”.

“Eu estou muito animada de cantar no “The Town”. O convite surgiu da mesma forma que vem a maioria das coisas na minha carreira: eu vou atrás. A maioria das coisas que acontecem na minha carreira sou eu quem vou atrás. Eu que procuro e quero saber quem faz, como, quando e onde. E pelo fato de ter cantado no Rock in Rio eu tive um contato com a galera que faz a produção. Conhecia as pessoas, mandei mensagem e falei ‘gostaria sim de participar do The Town’. Eu mesmo peguei meu Instagram e mandei, conversamos e fechamos o show”, revelou durante a entrevista. “Fala se eu não sou foda!”, brincou. 

Ao final do bate-papo, pedimos que a intérprete de “Terremoto” deixasse uma mensagem para a Lia Clark de 2016 que começava a ganhar notoriedade com a icônica “Trava Trava”

“O que eu falaria para a Lia de ‘Trava Trava’ é assim: ‘bicha, se tu tá chocada em ter essa música tocando no Brasil todo, você não tem noção do que tem pela frente. Você não tem noção e realmente não tem noção nenhuma. Se prepara, tenha força e não desista. Faz o teu, olha para o teu caminho e segue gata. Segue que o teu rumo é só teu!’”.

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