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Aquecimento Oscar 2024: Barbie não é apenas um filme que conta a história de uma boneca da Mattel, é um acontecimento e se torna um futuro clássico do cinema.

Greta Gerwig entrega um dos melhores filmes do ano e faz história.

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Foto: Divulgação.

Com uma abertura que faz total referência a 2001: Uma Odisseia no Espaço a narrativa mostra qual caminho a narrativa será direcionada. Temos garotas que brincam com suas bonecas aprendendo a ser mães, donas do lar, mas quando a boneca Barbie aparece como aquele monólito do clássico de ficção científica, as crianças percebem que não precisam aprender os afazeres domésticos e podem se inspirar naquela boneca estereotipada. Com essa introdução, logo ficamos com a reflexão da posição da mulher na sociedade desde pequena e que ela pode sim optar por um outro caminho, assim como preferir.

Estamos na Barbilândia, um mundo ideal, perfeito para que todas as versões da boneca Barbie possam viver em comunhão, com suas rotinas perfeitas que sempre trarão alegria. Porém, a versão estereotipada vivida por Margot Robbie começa a questionar sobre sua vida, sobre a morte e posteriormente sobre o que ela quer ser. Com isso, a Barbie sai em busca de sua dona no mundo real para tentar consertar essas questões. Contudo, o Ken de Ryan Gosling ao entrar em contato com o mundo conhece o lado onde o homem está no poder e com isso, volta para Barbilândia para colocar todos os Ken no protagonismo. Ainda que a Barbie seja o produto mais valioso da Mattel, ela não se considera valiosa, mas com a ajuda de Gloria (America Ferrera) a boneca começa a lutar para reconquistar a Barbilândia e para se conhecer profundamente.

Aquecimento Oscar 2024: Barbie não é apenas um filme que conta a história de uma boneca da Mattel, é um acontecimento e se torna um futuro clássico do cinema.

A crise existencial da Barbie de Margot é um verdadeiro gatilho das milhões de crises que a mulher no mundo real tem em seu dia a dia. A jornada da boneca é pautada no sarcasmo e no deboche, mas trazendo assuntos relevantes, sérios e muito atuais do mundo real. Dividir o mundo da Barbilândia onde tudo parece perfeito com nosso mundo real com a representação da America Ferrera é um verdadeiro acerto do roteiro, que mostra de fato como é a vida de uma mulher. O roteiro de Greta Gerwing e sua direção transformam a realidade muitas vezes mascaradas em realidade, um exemplo disso, está no fato da Mattel que tanto exalta a mulher com a boneca mais famosa do mundo, ser liderada por homens em todos os seus setores.

Com as diversas versões de Barbies entendemos que o filme não quer apenas mostrar apenas um perfil, mas uma porção de perfis que mais uma vez mostram que a mulher não precisa ser um estereótipo, longe disso, ela pode ser aquilo que ela mais sentir prazer em ser. Muitos dirão que o filme escolheu “lacrar”, “militar”, enfim, esses comentários virão de homens que não aceitam ver a verdade de uma mulher na sociedade, os mesmo homens que olham para a Barbie estereotipada e a chamam de “louca”. Assim, vamos entender as questões e as crises do Ken, aquele boneco que é um verdadeiro chaveirinho e não se encaixa naquela realidade descobre que no mundo real ele não seria o complemento, mas sim, o protagonista da história. Com a ascensão do Ken, o roteiro vai mostrando a estupidez do boneco e consequentemente a estupidez, arrogância e ignorância do homem, e com o homem no poder, houve guerra, houve problemas, houve uma longa confusão e isso não é diferente do nosso mundo real. “Ridicularizaram a imagem do homem”, eles disseram, mas o filme só mostra a realidade em forma de deboche, a boy band criada pelo Ken, as canções na praia, a necessidade de ser notado, de portar carros de luxo, enfim, são diversas ações que estão estampadas em nossa cara, mas quando é mostrada numa forma ridicularizada, cutuca uma ferida e prefere dizer que é um filme militante ao invés de levar como reflexão e tentar de alguma forma entender como é a vida de uma mulher.

Aquecimento Oscar 2024: Barbie não é apenas um filme que conta a história de uma boneca da Mattel, é um acontecimento e se torna um futuro clássico do cinema.

Em diversos momentos a Barbie atinge seu público com falas extremamente necessárias, falas essas que em muitos momentos são diálogos com grandes personalidades históricas da boneca da Mattel, como sua figurinista e sua criadora interpretada por Rhea Perlman.

Greta Gerwing coloca a boneca mais valiosa da história em uma discussão complexa consigo mesma, onde ela precisa sair de seu mundo, sair de si, para buscar ampliar seus conhecimentos com o objetivo de encontrar o seu propósito. O amadurecimento da Barbie é a verdadeira questão aqui. Buscar amadurecimento é encontrar sua verdadeira identidade, é entender quem é você, é se conhecer, e nesse amadurecimento a Barbie de Margot Robbie entendemos a jornada de uma mulher que por mais que seja perfeita na visão da sociedade, ainda tem suas questões, ainda procura propósitos, ainda chora por não se achar boa suficiente. E assim entendemos o amadurecimento do Ken, daquele que se entendia apenas como uma conexão da Barbie mas que entende que sozinho é o suficiente, o boneco não precisa da boneca também, ele pode fazer suas escolhas e não precisa ser igual a todos os homens, ele poder entender o lado da mulher, entender que ela busca por outros objetivos e que ele pode seguir, desde que seja entendendo o seu propósito.

Para finalizar algumas reflexões do filme, num momento chave, o roteiro presenteia a humana Gloria para deixar um recado as mulheres, um recado extremamente forte, pesado e verdadeiro. Esse recado é escutado como um pedido de socorro, como um grito para que toda a sociedade escute o que é ser uma mulher e como ela mesma diz, “é literalmente impossível ser uma mulher”. As reflexões impostas pelo roteiro de Greta precisam ser eternizadas, precisam ser lembradas de tempos em tempos. Barbie não é apenas o filme de uma boneca, longe disso, é um sinal de alerta. A trilha sonora criada pela cantora Billie Eilish What Was I Made For?, deixa claro a necessidade de amadurecer seu propósito. Na letra, em um dos momentos mais icônicos do filme a música diz “Acho que esqueci de como ser feliz / É algo que não sou, mas posso ser”, então entendemos que a busca pelos seus valores e seus ideais é uma luta constante, podemos não estar bem, mas com uma luta interna podemos voltar a sorrir.

Contudo, o autor aqui têm um conselho; procure por influenciadoras e análises realizadas por mulheres, elas, melhor do que eu terão uma visão completamente detalhada de quais os sentimentos que o longa passa, e principalmente, como essa mensagem é sentida pelo público alvo deste roteiro.

Aquecimento Oscar 2024: Barbie não é apenas um filme que conta a história de uma boneca da Mattel, é um acontecimento e se torna um futuro clássico do cinema.

Na parte técnica, bom, a produção possui extrema qualidade, roteiro, som, trilha sonora, fotografia, atuações de primeira, maquiagem, vestimentas e a direção são um verdadeiro show para o público. Com isso, o longa recebeu 8 indicações nas categorias de Melhor Filme, Melhor Atriz Coadjuvante para America Ferrera, Melhor Ator Coadjuvante para Ryan Gosling, Melhor Roteiro Adaptado para Greta Gerwig e Noah Baumbach, Melhor Figurino, Melhor Design de Produção e Melhor Canção Original com duas canções. Infelizmente a academia esnobou a diretora Greta Gerwing e a atriz Margot Robbie, que são as verdadeiras colunas deste precioso longa, e assim, a história de Barbie se concretiza mostrando mais uma vez que luta da mulher ainda é muito longa e necessária.

Barbie está disponível na MAX.

Nota: 5/5

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