Aquecimento Oscar 2024: Assassinos da Lua das Flores denuncia a exploração do homem branco aos nativos Osage.

Já sabemos que Martin Scorsese é um verdadeiro paladino do cinema, mas quando ele decide dirigir um filme que fala sobre o extermínio dos povos originários Osages em Oklahoma ali no início século XX, aí ele simplesmente cria uma obra-prima. Com mais de 3h de duração a revolta com o homem branco e a ganância pelo dinheiro tomam conta da tela, e nos encanta com um filme de qualidade excessiva.

Em uma terra riquíssima por conter petróleo, os Osages enriqueceram de forma expontânea e isso chamou a atenção de quem estava fora dessa terra. Ernest (Leonardo DiCaprio) chega a cidade procurando por emprego e encontra com seu tio William Hale (Robert De Niro), um homem branco influente entre os Osages e muito interessado na riqueza dos povos indígenas. William mostra sua real intenção em receber seu sobrinho e aconselha Ernest se casar com a rica indígena Molly Burkhart (Lily Gladstone). Com um casamento duradouro e com filhos, Molly vê sua família inteira falecendo sem explicações, seja por alguma doença ou por enormes tragédias. Com um forte apelo dos Osages, o governo envia agentes para investigar o extermínio dos Osages, entre eles, Tom White (Jesse Plemons) que toma a frente das investigações e atrapalha o plano de Hale e Ernest.

Assistir a este longa é um presente para uma produção de qualidade, a fotografia, a trilha sonora, o roteiro e a montagem são todos minuciosamente bem trabalhados. Martin consegue nos prender no filme, consegue fazer com que nos apaixonemos pela cultura dos povos Osages, consegue fazer com que acreditemos num romance pautado em ganância. O elenco muito bem escolhido é capaz de colocar em tela as melhores expressões, sentimentos, além de exaltar a cultura dos povos indígenas com sua maquiagem, suas vestimentas, seus costumes e muito mais. Ainda que o filme seja baseado no livro homônimo de David Grann, o roteiro de Martin Scorsese é perfeito para ser passado na tela.

Leonardo Di Caprio entrega aqui uma de suas melhores atuações, com seu sotaque e trejeitos de um homem pouco educado, não conseguimos descobrir se gostamos ou desgostamos de Ernest. Robert De Niro, bom, sempre que está em cena consegue roubar toda a atenção e fazer história como um “vilão”. Para os demais atores Lily Gladstone e Jesse Plemons também são primordiais entregando atuações de respeito.

Durante a narrativa de Assassinos da Lua das Flores somos atingidos por diversos gêneros num mesmo filme, vemos um breve romance, um drama, uma investigação policial, um pouco de máfia e toda essa mistura é o que engrandece a natureza do longa. O desenvolvimento dos personagens era notável, mas a violência com os povos Osages mostra a ascensão e a decadência de cada um. Há um misto de sentimentos com o protagonista Ernest, pois, existe um amor pela sua família, mas sua ganância não permite que ele deixe de mostrar sua real natureza.

Por mais que encontramos a opressão dos povos Osages entendemos que eles se permitiam se relacionar com o homem branco, já que seus desejos também deviam ser atendidos, no caso Molly sabia que Ernest só se aproximou dela pelo dinheiro, mas seus desejos foram maiores deixando com que ele fizesse parte da família.

O roteiro denuncia a violência com os povos originários e consequentemente aborda como o governo lida com essa situação. Em todo o conjunto da obra, Martin Scorsese novamente se coloca como protagonista aos seus 81 anos de idade. Com isso, sua produção recebeu um total de 10 indicações nas categorias de Melhor Direção, Melhor Filme, Melhor Atriz, Melhor Ator Coadjuvante, Melhor Trilha Sonora, Melhor Canção Original, Melhor Design de Produção, Melhor Figurino, Melhor Montagem e Melhor Fotografia.

Uma observação é a falta de Leonardo Di Caprio na categoria de Melhor Ator, um erro da Academia.

Assassinos da Lua das Flores está disponível na Apple TV+.

Nota: 4/5