O Problema dos 3 Corpos é a série de ficção científica que a gente precisava
Os criadores da aclamada Game of Thrones nos presenteia com um espetáculo visual e uma história intrigante
SEM SPOILER
David Benioff e D. B. Weiss, em parceria com o escritor Alexander Woo, se juntam com a Netflix para apresentar um projeto misterioso. Adaptado da obra de Cixiu Liu de mesmo nome, O Problema dos três Corpos conta uma história que se inicia na década de 60 em Pequim, China, durante a Revolução Cultura Chinesa. Lá uma jovem astrofísica, Ye Wenjie, vê seu pai ser morto e sua mãe concordar com a revolução para se manter viva. Ye é levada para uma base militar onde participará de um projeto que até então está em segredo de Estado. Viajando no tempo, atualmente, temos os cinco de Oxford, um grupo de amigos cientistas que começam a passar por problemas quando uma amiga decide se matar. Quando as autoridades começam a investigar, percebem que o suicídio está acontecendo com frequência com outros físicos e se preocupa com o futuro desses cinco amigos físicos.
Como um amante da ficção científica acabei me surpreendendo com a narrativa dessa nova aposta da Netflix. Conhecemos o belo trabalho de David Benioff e D. B. Weiss, por mais que o final seja controverso, mas sabemos que ambos conseguem produzir uma boa série. Isso me fez acreditar em O Problema dos Três Corpos, que ainda que esteja nascendo, iniciando uma jornada, começando a contar uma história, conseguiu ganhar minha atenção e me deixou esperançoso para o futuro da série (se a Netflix não cancelar).
A série demora um pouco a engatar a segunda, seus dois primeiros episódios abrem um caminho que nos deixam intrigados, mas não é o suficiente para nos fidelizar. Com o passar dos episódios vamos nos envolvendo com a narrativa e com os seus personagens. A história que começa na China ganha forma quando tecnologias muito avançadas são colocadas em cena, como por exemplo, um vídeo game de realidade virtual que praticamente teletransporta o ser humano para cenários vívidos. O vídeo game começa a passar missões para os jogadores escolhidos e novamente o público fica se questionando, afinal, quem está por trás dessa tecnologia, como ela chegou até esses personagens e qual é o objetivo deste jogo?
São muitas questões que começam a ser respondidas na medida que os episódios vão se desenvolvendo, a narrativa não demora a desenrolar as verdades, vai entregando episódio por episódio respostas para cada uma de nossas perguntas.
Devo dizer que o quinto episódio chamado de “Juízo Final” dividiu a série de 8 episódios. Vemos a construção de um problema e neste quinto episódio vemos algumas resoluções, mas realidade, vemos uma explosão de problemas que são acumulados por conta de decisões tomadas por nós, humanos. Uma observação sobre este episódio, é de que realmente me chocou toda a decisão que foi tomada e de que não houve qualquer interferência para que o caos fosse evitado. Bom, já conhecemos as narrativas de Game of Thrones, e sabemos que os criadores não se limitam quando precisam chocar o público.
Outro ponto interessante é o desenvolvimento dos personagens centrais, gosto demais do grupo dos cinco amigos de físicos, em especial Will (Alex Sharp), o jovem tem um trabalho excepcional quando descobre coisas sobre si e movimenta os demais físicos. Auggie (Eiza González), Saul (Jovan Adepo), Jin (Jess Hong) e Jack (John Bradley) são os demais amigos que completam esse grupo muito bem escolhido. Todos possuem um bom desenvolvimento com suas particularidades dentro dos acontecimentos que vão aparecendo no decorrer da série. Outros personagens de destaque são Ye (Rosalind Chao) e Mike Evans (Jonathan Pryce) que são mais limitados, devido a história de seus personagens, que mesmo assim, nos deixam intrigados. Contudo, as duas maiores presenças na série são Da Shi (Benedict Wong) e Thomas Wade (Liam Cunningham) que roubam todas a cena quando estão presentes. Apresentados como o policial bom e o policial ruim, respectivamente, vemos uma dupla que se completa e ditam o ritmo da narrativa.
Por fim, a série nos traz reflexões morais, pensamentos sobre a vida, sobre nossas relações, sobre nossa história e sobre o futuro. Como toda boa ficção científica temos explicações das decisões tomadas e teorias de como resolver os problemas desenvolvidos na trama.
Ainda que a série venha dividindo opiniões pela internet, a meu ver, a Netflix acertou na produção milionária e é uma aposta para o futuro da plataforma. Se a série não te agradar pela narrativa, o deleite visual de O Problema dos Três Corpos vai te agradar.
Bom, agora devemos aguardar a Netflix a confirmação da próxima temporada.
Nota: 4/5