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Mamba Negra encerra 2025 reafirmando a força da cena underground e da cultura LGBTQIAPN+

Em entrevista, Laura Diaz fala sobre visibilidade de artistas, falta de incentivo público e promete uma última edição do ano histórica em São Paulo.

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A Mamba Negra chega à sua última edição de 2025 reafirmando seu papel como um dos principais espaços de celebração, resistência e visibilidade da cena underGRANDE e LGBTQIAPN+ no Brasil.

Mamba Negra encerra 2025 reafirmando a força da cena underground e da cultura LGBTQIAPN+

Em entrevista ao Hashtag Pop, a artista e cofundadora Laura Diaz destacou que a consolidação da Mamba como vitrine artística não é mérito individual, mas resultado de uma construção coletiva. “É uma enorme responsabilidade, mas antes de qualquer coisa, isso é uma conquista da cena underGRANDE que nos tornamos enquanto geração de profissionais e artistas”, afirmou.

Foto: AJ SANTA ROSA
Foto: AJ SANTA ROSA

Laura reforça que festas como a Mamba vão muito além do entretenimento. “As Mambas, assim como as Batekoos, Tesãozinhos e algumas outras sobreviventes da rave dentro e muito além de São Paulo, são noites especiais em que a gente celebra nossos talentos, reafirma nossa existência e nossos afetos enquanto LGBTQIAPN+, fazendo o que fazemos de melhor, que é espetáculo.”

Ao falar sobre políticas culturais, a artista foi direta ao expor a vulnerabilidade da cena independente. “Fazer cultura independente de qualidade, gratuita ou a preços acessíveis em São Paulo, é um risco enorme, um desafio imenso. A gente sofre muito pra manter o padrão de qualidade dos eventos com ingressos acessíveis”, explicou. Para ela, a conta não fecha. “A gente gera muita riqueza pra viver em tanta vulnerabilidade. E não era pra ser assim.”

Mamba Negra encerra 2025 reafirmando a força da cena underground e da cultura LGBTQIAPN+
Mamba Negra encerra 2025 reafirmando a força da cena underground e da cultura LGBTQIAPN+

Laura também ressaltou que a música brasileira, do funk, dub e hip hop até a música eletrônica independente, já se consolidou como patrimônio cultural. “Nossa cena movimenta educação, turismo, comércio, economia criativa, tecnologia”, listou. Ainda assim, ela aponta retrocessos recentes. “Vimos perder políticas como o SP na Rua e a gestão de espaços públicos como o Anhangabaú passar para concessões privadas.

A crítica se estende ao acesso à cidade. “Como se tornou impossível fazer eventos gratuitos de rua em São Paulo? Como aceitar pagar ingresso pra acessar eventos em espaço público? Se a gente paga impostos, não era pra ser acessível a todes?”, questiona. Para Laura, o avanço de megaeventos contrasta com a precarização da cultura independente. “Não dá pra assistir a megaeventos higienistas tomando a cidade enquanto mal conseguimos condições mínimas de atuação na noite.”

Foto: AJ SANTA ROSA
Foto: AJ SANTA ROSA

Ela também chamou atenção para a ameaça constante a espaços e coletivos culturais. “A noite e a cultura de São Paulo são muito grandes pra ficar só nos barzinhos ou em megaeventos corporativos e sem vida”, afirmou, citando a fragilidade de teatros, coletivos e iniciativas independentes que seguem resistindo.

Para fechar o ano, a promessa é de uma Mamba à altura de sua história. “As Mambas de fim de ano são sempre inesquecíveis”, garantiu Laura. A última edição de 2025 acontece na Fabriketa e reúne um lineup que reafirma a identidade sonora e performática da festa, com ENTROPIA + CARNEOSSO e participação especial de Jup do Bairro, além de Rakta, RHR, Victin, atrações internacionais e o tradicional b3b que atravessa a madrugada.

Hoje é dia de celebrarmos nossas abundâncias pra acabar de vez com esse 2025 buscando ares mais leves e justos para as nossas futuras”, finaliza Laura, já mirando um 2026 mais abundante para a cena.

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