Hashtag Pop

Entrevista: Alice Caymmi, muito além de rainha dos raios, uma força da natureza!

Em conversa com o Hashtag Pop, a cantora refletiu sobre carreira, inspirações e próximos passos.

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Foto: Divulgação

Parece que foi ontem, mas a cantora e compositora Alice Caymmi acaba de completar 10 anos de carreira, trajetória que tem como desponte seu primeiro álbum “Alice Caymmi (2012)”. Desde então, a rainha dos raios, com muita coragem e autenticidade, crava sua marca na cultura popular brasileira ditando suas próprias regras.

O Hashtag POP teve o prazer de assistir, no último sábado (04/02), em São Paulo, um dos shows da artista. Um espetáculo intimista que conta com repertório recheado de canções que refletem a cumplicidade estabelecida entre a artista e seu público e que compõem o registro de seu segundo disco ao vivo, “Alice 10 anos (Ao Vivo)”, lançado na segunda metade de 2022. Após o show, nossa redação bateu um papo com a cantora que refletiu sobre carreira, inspirações e próximos passos, confira:

– Impossível não começar indagando a artista sobre uma breve reflexão destes 10 anos de carreira, Alice não titubeia: “Estou numa fase muito boa e madura, conseguindo trocar melhor com outras pessoas. Sempre me considerei uma pessoa muito fechada, cansei um pouco desse lugar de solidão, sabe?”. Embalada por um humor contagiante, acrescenta: “É um bom sinal, estou fazendo isso aos 30, tem gente que só cede aos 70”.

Obviamente uma carreira não é consolidada apenas com bons momentos, sobre a maior dificuldade enfrentada nessa trajetória até aqui: Pessoas má intencionadas. Ter sido traída. Todo artista passa por isso, eu sei. Mas é algo emocionalmente destruidor… não é sobre dinheiro, é aqui dentro, sabe?”, e conclui: “Mas nada que não possa ser recuperado com muito carinho para chegar aqui onde eu cheguei”.

Sobre a turnê que está rodando o Brasil atualmente: Esse show é muito especial. Eu encontrei uma banda com uma energia ótima, que montou esses arranjos comigo, dei muita sorte“. – Ela não deixa de demonstrar carinho com seus fãs: Esse projeto é uma leitura afetiva de todos os discos que fiz até hoje, dando ouvidos ao que o público mais gosta, sem deixar de me debruçar sob meu último disco, Imaculado, não queria interromper a turnê dele.

Alice começou 2023 com música nova. Desfruta, uma canção que evoca em tons quentes o literal desfrute do verão e que conta com a participação mais que especial da baiana Rachel Reis dividindo vocais e Iuri Rio Branco assinando a produção. Ela fala um pouco mais sobre essa parceria: Conheci Iuri no ano passado e pensei que pudesse ser uma pessoa legal de trabalhar. Tem a Rachel, uma menina de delicadeza única, gosto do jeito que ela compõe, uma ótima musicista. Surgiu a vontade de trabalhar em algo mais leve, mais voltado para o verão, pensando nisso que lembrei dos dois. Se deixar eu fico só no drama!. Temos um com certeza quando questionada se podemos esperar mais frutos dessa parceria com o produtor queridinho do momento: Tem os caras que estouram e todo mundo fica em cima e aquela loucura, mas a coisa aqui é que eu gostei dele, sabe? Já enviei mais músicas para ele sim.

Ela esclarece que essa canção não é a introdução de uma nova era, um álbum novo: É algo solto, eu gosto do drama. Eu acho que vou afundar cada vez mais, sabe?. Alice demonstra muita clareza quando se trata sobre definir seu papel na música: Estou com quem embarca comigo. Então vamos fazer elas terem uma viagem mais profunda, trazer transformação nas vidas delas. Meu público gosta de ser atravessado, ser tirado do eixo, quem me acompanha espera que seja assim. Aproveitamos o gancho para entender o que tem atravessado a cantora, o que tem movimentado suas diretrizes criativas: Tenho escutado muito flamenco, estudado o povo cigano, a origem da bruxaria, e acrescenta: Ando estudando processo criativo, e artes plásticas. Ela aproveita para nos dar um gostinho do que pode influenciar seus futuros trabalhos: Com essas trips acho que vem algo místico, algo lá do meio dos anos 70, tenho pensado em uma releitura da contracultura… Fiquem espertos, venho forte.

Quando perguntamos sobre um novo álbum, Alice demonstra não estar imune dos percalços de ser uma artista no Brasil: Não estou produzindo um novo álbum, não lanço minha discografia em vinil, tudo porque falta dinheiro. Não sei quando vai entrar. Tudo custa muito caro. Enquanto isso, só tenho certeza do que vou fazer na minha cabeça mesmo”, e reflete: “Muitas portas estão fechadas para mim, gente que você imagina que obviamente me valorizarianão entendo”. Categoricamente ela conclui: “Dane-se. Esse é o preço que eu pago por não fazer algumas concessões, por ser autêntica ou ser uma pessoa artisticamente imprevisível. E por ser mulher… se fosse um homem eu seria ovacionado. Por ser mulher, eu sou apontada como desagradável

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