“As Irmãs foi uma escola pra mim. Tô tranquila e grata”: Isma fala sobre carreira solo e estreia no Zig Festival após o fim das Irmãs de Pau
Em entrevista exclusiva ao Hashtag Pop, cantora reflete sobre o fim da dupla, comenta ataques sofridos, fala sobre liberdade artística e antecipa detalhes do primeiro show solo e do álbum “Made in Cohab”.

Encerrar um ciclo nunca é simples, mas pode ser o ponto de partida para uma nova e poderosa fase. Foi com essa energia que Isma Almeida, uma das vozes da dupla Irmãs de Pau, se despediu do projeto que revolucionou o funk brasileiro com irreverência, potência e representatividade desde 2020.

No mês passado, ao lado de Vita Pereira, a artista anunciou o fim da dupla, emocionando fãs e colegas de cena. Agora, Isma se prepara para um recomeço em carreira solo, com estreia marcada para o ZIG Festival, que acontece no dia 8 de novembro, na Fabriketa, em São Paulo, um evento que celebra diversidade, liberdade e a força da música LGBTQIAPN+.
Em entrevista exclusiva ao Hashtag Pop, a cantora abriu o coração sobre o fim das Irmãs de Pau e contou como transformou a saudade e a incerteza em motivação para o novo momento da carreira.
“Foi difícil no começo. A gente tomou a decisão lá no começo do ano, em janeiro, e eu cheguei a chorar, fiquei preocupada na hora. Porque as Irmãs mudaram a minha vida, mudaram a minha realidade. Me fizeram alcançar vários lugares, realizar sonhos, mudar minha vida financeira, morar num lugar confortável, trabalhar com artistas grandes.
No início, me bateu uma preocupação enorme. Mas hoje eu tô muito mais tranquila e bem resolvida com isso. Eu acho que tô muito grata a tudo que as Irmãs foram na minha vida, tudo que elas somaram. As Irmãs foram uma escola que me preparou pra hoje eu estar embarcando na minha carreira solo da melhor forma possível. E além da experiência, do palco, das composições, eu consegui também me preparar financeiramente pra esse momento, o que é muito importante pra mim.”
Mais do que uma fase de transição, esse novo momento marca um passo de autonomia artística e emocional. Isma destaca como o período ao lado de Vita a ajudou a amadurecer e entender seu papel dentro da música.
“Eu tô saindo desse ciclo muito grata. Tudo que vivemos me possibilitou não só aprendizado, mas também recursos pra agora eu investir em mim mesma. Eu tô conseguindo produzir um álbum inteiro com o dinheiro que juntei ao longo dos anos com as Irmãs, e isso é um símbolo de independência pra mim. É o resultado de muito trabalho.”
Durante o auge do sucesso, as Irmãs de Pau expandiram o público para além da comunidade LGBTQIA+, chegando a novos espaços e conquistando diferentes plateias. Com isso, também vieram os olhares maldosos e os ataques virtuais, que Isma aprendeu a lidar com firmeza e sabedoria.


“A gente expandiu muito o público e conheceu muita gente legal, especialmente mulheres que receberam nosso trabalho com muito carinho. Essas pessoas são as que eu prefiro focar.
Agora, pras pessoas que usaram a gente como piada, que atacaram o nosso projeto, eu sinceramente tenho dó. Acho que são pessoas que precisam evoluir, que precisam entender a relevância do que é duas pessoas trans, negras e periféricas alcançando os lugares que a gente alcançou.
Tudo bem não gostar das músicas, porque gosto é gosto. Mas desvalidar a nossa história e a potência que a gente se tornou é burrice. Eu tento não dar atenção pra isso. Prefiro focar em quem valoriza e entende o que a gente representa.”
Agora, com o coração leve e os olhos voltados para o futuro, Isma dá início à sua era solo com um show que promete surpreender o público. Sua estreia acontece no ZIG Festival, e o espetáculo está sendo preparado com meses de ensaio e uma proposta visual e performática que revela um novo lado da artista.
“Tô com uma expectativa bem grande, tô ensaiando bastante. Serão dois meses de ensaio e já tá tudo ficando lindo. Quero entregar um show mais dançado, com mais performance pop, mais interação com o balé. É uma vontade que eu sempre tive, de dançar mais, de brincar com o palco.
Não que eu vá virar a Beyoncé (risos), mas quero explorar esse meu desejo de estar mais conectada com a dança. Acho que vai ser um show diferente de tudo que eu já fiz.”
E as novidades não param por aí. Isma revelou com exclusividade ao Hashtag Pop os primeiros detalhes de seu álbum de estreia, que promete misturar ritmos, parcerias e novas sonoridades.
“Vai vir um álbum que se chama Made in Cohab. Eu já tô divulgando esse nome nas redes. Ele vai ter 12 faixas, vai ser um álbum grandão, com muitos feats e estilos diferentes. Tô trabalhando com funk, rap, afro e tribal.
Tô compondo igual uma cachorra (risos)! Tá sendo um processo incrível, cheio de descobertas. O álbum ainda tá se desenhando, mas eu tô tentando fazer tudo com o maior carinho e delicadeza possível, pra que chegue no resultado que eu quero.”
O ZIG Festival acontece no dia 8 de novembro, na Fabriketa, em São Paulo, e reunirá mais de 35 atrações em uma maratona de 13 horas de música. Ingressos ainda disponíveis no shotgun.